segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mar, Parte I (De Érica Sierra)

Texto meu concatenado a emoção trazida a mim pela frase escrita por Clarice Lispector em ‘Felicidade Clandestina’.


“Eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam”
Clarice Lispector


                                                                      Mar

Extremamente exagerada: apaixonada. Esta paixão,este sentimento que me consome, começo a olvidar de mim, a não pensar por mim, cismar que por mim não vivo mais, a realmente pensar que não vivo mais, apenas sinto: sinto algo que me dá vontade de viver, viver ao lado de alguém que me provoca vontade de sentir. Carrego dentro de mim uma intensa alegria, uma imensa leveza que de tão grande não sou mais capaz de levá-la: ela me carrega, carrega por todos os lugares em todos os momentos, como se eu vivesse flutuando em um mar calmo e límpido, sentindo a água fresca ondulando sob meu corpo lépido, que dança ao ritmo do mar, este mar diferente, este mar róseo, vai ser esvoaçando aos poucos com seu modo tênue de ser, vai me puxando cada vez mais ao fundo, cada vez mais longe.

Eu posso vê-me tendo a certeza que eu não vivo mais, apenas sinto: sito a água batendo contra meu corpo, esta água que agora é gélida, deste mar já escarlate!Mas com nada disso me importo, pois anda me aflige nada me afeta. A sensação de estar ali me compraz, para ser sincera eu só aceito estar ali, eu anseio isto: dormindo,bebendo,comendo,nadando neste mar de amor,este amor pelo qual labuto tanto,este amor que nunca me fatiga ,eu o almejo tanto!Chego a enaltecê-lo ao ponto de malograr a mim, de repelir-me, e talvez por ironia eu me iludisse com a idéia de ser dona deste mar e não percebi que de dona eu não sou nada, eu já sou serva, este mar tomou posse de mim.

Érica Sierra

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